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Mercado financeiro
Acredite: pode ser a hora certa de investir na Bolsa
5 de dezembro de 2008
Por André Pontes

Investir na Bolsa de Valores sempre foi coisa para poucos: os corajosos e com dinheiro suficiente para aplicar pensando no futuro. Nos últimos anos, as aplicações tornaram-se mais populares e o número de investidores disparou. Com a crise financeira mundial, entretanto, este grupo voltou a ser mais seleto. E a tendência é que essas pessoas que apostam a longo prazo faturem bastante dentro de alguns anos. Para analistas consultados por VEJA.com, é um ótimo momento para investir. Mas, para isso, é preciso ter certa cautela e muito sangue frio.

Para Orlando Zainaghi Jr., superintendente da corretora do Banco Santander, o atual momento é bastante interessante para a compra, principalmente se o prazo esperado para o retorno for longo, superior a dois anos. "As empresas estão com muitos atrativos, o que no longo prazo poderá gerar um retorno interessante", explica Zainaghi. De acordo com o professor de Mercado de Capitais da Escola de Propaganda e Marketing (ESPM) Alexandre Chaia, a bolsa ainda pode cair, mas é improvável isso acontecer.
"Ainda há espaço para a queda, mas eu não acredito. Se você precisa comprar um carro ou um apartamento ano que vem, eu diria para investir em renda fixa. Mas, a longo prazo, a melhor coisa é manter 10% ou 20% da carteira em ações", sugere Chaia. Orlando Zainaghi, porém, faz uma ressalva: afirma que as pessoas não devem investir todo o dinheiro neste instante. "Para investir num momento de instabilidade do mercado é preciso ver o porcentual de retorno lá na frente e fazer compras gradativas até meados do ano que vem. O melhor é dividir em blocos de ações e não jogar tudo em uma empresa só."

Disciplina - Já o professor de finanças da Faculdade Getúlio Vargas (FGV) William Eid acredita que o melhor é nem sequer pensar na crise. "Isso existe desde quando alguém inventou o dinheiro, em 800 a.C. Daqui a três anos estaremos falando desta crise como história", garante ele. O especialista afirma ainda que o correto seria todo mês separar uma parte dos ganhos e investir. "Não se faz investimento de vez em quando. Investir é uma coisa de disciplina. Você tem que investir constantemente", avisa.

O administrador de empresas Rafael Assad, de 30 anos, concorda com Eid. Ele investe mensalmente em carteiras de ações há três anos. "Neste ano eu perdi 50% do que investi desde janeiro. Mas, se você pegar o ganho que eu tive dos últimos anos para cá, este valor é pequeno perto do que eu já ganhei", afirmou Assad, que não parou de comprar ações com a crise financeira mundial.

Longo prazo - Já a publicitária Letícia Cilento, de 29 anos, que investe há dois anos na Bolsa, disse a VEJA.com que se assustou no começo da crise, mas não deixou de separar seu dinheiro pensando no futuro. "Depois que passou o susto, aproveitei a oportunidade para comprar mais, pensando a longo prazo. Perdi 50% da minha carteira neste ano, mas já recuperei 10%. Acho que em dois anos eu recupero tudo."

Letícia afirma estar otimista em relação aos seus investimentos. "Como estou investindo para daqui cinco anos, estou bastante confiante", afirma ela. A publicitária, porém, passou a colocar parte de seus ganhos na renda fixa. "Até o ano passado eu investia só na Bolsa e estava ganhando bastante. Agora, com a crise, passei a colocar parte do meu dinheiro na renda fixa para garantir meu ganho", justifica.

http://veja.abril.com.br/noticia/brasil/acredite-pode-ser-hora-certa-investir-bolsa-407290.shtml